During a lecture on May 21, 2013, in
the Auditorium of UFBA Lecture Pavilion III, Ondina Campus, Dr. Bessel van der Kolk, psychiatrist, professor of
medicine at Boston University, told us about how the central nervous system reacts
to trauma. He explained that from the trauma, the left lobe of the brain,
responsible for curiosity, development of thought and language, is completely knocked
out. The limbic system - the most primitive one, responsible for vegetative
functions: hunger, thirst, sleep - is activated, attempting to recall the
trauma, which affects systems that cannot be controlled by rational will. So
the traumatized person becomes depressed, loses control over sleep, hunger and
its vegetative functions and experiences
symptoms such as insomnia and eating disorders.
Recent studies suggest, according to
Dr. Bessel van der Kolk, that bodily activities involving relationship - such as
contact improvisation, capoeira and martial arts - favor the interpersonal
rhythm through movement and provide respiratory changes, mobilizing back to the
prefrontal part of the brain cortex, which provides broad understanding of the
world, anticipates actions and makes relationships possible. Through these
practices, the central nervous system is reestablished and the vegetative
functions as well as the general regulation of hormones are rebalanced, fostering
paths to healing.
Lily Ehrenfried, heiress and star of revolutionary
changes on the ways of thinking body and movement, in the early twentieth
century, offers us this beautiful statement:
[...] we have never seen a human
being modify his/her bodily habits without deeply and definitely changing his/her
psyche. [...] (EHRENFRIED, 1991, p.17)
This strict parallelism between
psyche and palpable body, indicated by Lyli (Mabel Todd, Gerda Alexander, Ida
Rolf and many
others who I've been quoting here), makes visible and explicit the potential of
movement as a solution for many of our problems in this early XXI century.
These intuitions, studies and
statements from those who lived and studied movement, observing in themselves
and others the effects caused by the moving throughout life, converge and
validate the need for movement.
More people need to know. More
people need to believe, practice and give it the proper value. It's on these
tracks that I want to go on.
P.S.: I leave here my late homely
tribute to the friends, lovers and professionals of the Circus, through the image
of Physical Education students of UFBA (Ticiane Calmon), from the class of
Amelia Conrado, full of determination, guts and courage to risk on this
unstable and poetic way of the Professionals of Movement.
Em palestra no dia 21 de maio de 2013, no Auditório do Pavilhão de Aulas III da UFBa, Campus de Ondina, o Dr. Bessel Van Der Kolk, psiquiatra, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston, nos falou sobre como o sistema nervoso central reage ao trauma. Ele explicou que, a partir do trauma, o lobo esquerdo do cérebro, responsável pela curiosidade, desenvolvimento do pensamento e linguagem, fica completamente nockouteado. O sistema límbico - o mais primitivo, responsável pelas funções vegetativas: fome, sede, sono - fica ativado, cuidando de rememorar o trauma, o que afeta sistemas que não podem ser controlados pela vontade racional. Então a pessoa traumatizada se deprime, perde o controle sobre o sono, a fome e suas funções vegetativas e apresenta sintomas como insônia e distúrbios alimentares.
Estudos recentes sugerem, segundo Dr. Bessel Van Der Kolk, que atividades corporais que envolvem relação - como contato improvisação, capoeira e artes marciais - favorecem o ritmo interpessoal através do movimento e proporcionam mudanças respiratórias, mobilizam de volta a parte pré-frontal do córtex cerebral, que proporciona entendimento amplo do mundo, antecipa ações e propicia relação. Através dessas práticas, reconfigura-se o sistema nervoso central e reequilibram-se as funções vegetativas e a regulação geral de hormônios, propiciando caminhos para a cura.
Lyli Ehrenfried, herdeira e protagonista de transformações revolucionárias na forma de pensar corpo e movimento, no início do século XX, nos brinda com essa linda afirmação:
[...] nunca vimos um ser humano modificar seus hábitos corporais sem modificar profunda e definitivamente seu psiquismo. [...] (EHRENFRIED, 1991, p.17)
Esse paralelismo rigoroso entre psiquismo e corpo palpável, apontado por Lyli (Mabel Todd, Gerda Alexander, Ida Rolf e tantas outras e outros que venho citando aqui), torna visível e explícito o potencial do movimento na solução de tantos dos nossos problemas, nesse início de século XXI.
Essas intuições, estudos e afirmações de quem vivenciou e estudou movimento, observando em si e em outros os efeitos provocados pelo mover ao longo da vida, convergem e validam a necessidade do movimento.
Mais gente precisa saber. Mais gente precisa acreditar, praticar e dar o devido valor. É nesses trilhos que quero seguir.
p.s.: deixo minha singela homenagem atrasada aos amigos, amantes e profissionais do circo, através da imagem de alunos de Educação Física da UFBA (Ticiane Calmon), da turma de Amélia Conrado, cheios de garra, gana e coragem de arriscar esse instável e poético caminho dos Profissionais de Movimento.