quinta-feira, 14 de maio de 2015

Novas perspectivas para equilibrar o mundo

"Ao vivenciar o mundo de uma perspectiva diferente, a pessoa torna-se mais apta a equilibrar tendências contrárias de sua personalidade, mais capaz de fazer mudanças significativas, mais consciente de si e de suas emoções e, consequentemente, mais apta a se tornar criativa e a enriquecer consideravelmente sua vida" 
(VIRGOLIM, 2007)

Venha experimentar o chão balançando sob seus pés com a Instabilidade Poética da Flymoon®!


Foto: Isbela Faria Trigo

domingo, 10 de maio de 2015

Desenho-poesia-mãe

Um marca do material didático da Flymoon® são os desenhos. Não há fotos na apostila, mas lindos desenhos, que indicam a posição inicial e apontam o desenvolvimento de cada exercício. Mas eles ainda são capazes de mais: nos habilitam a enxergar nosso próprio corpo com características especiais de alongamento, estabilidade, precisão. Ao vermos a "boneca" desses desenhos realizando tudo com tanta facilidade, focamos no que é possível e não no esforço ou no "custo" daquele movimento. Ela pode estar dentro d'água ou no espaço sideral. Ela pode se mover olhando as estrelas e estar em qualquer lugar existente ou imaginado. O que nem todos sabem é que, toda essa poesia em forma de desenho - que faz sorrir e imaginar - é obra da minha mãe, Isa Trigo, a quem agradeço imensamente, hoje e sempre! Feliz dia das mães, mama!

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Poetic Instability for times of poetry lack; Instabilidade Poética para tempos desprovidos de poesia


Suely Rolnik, on the divine text "Therapeutics for times of poetry lack", one amongst the many produced by her at the Subjectivity Studies Center (PUC-SP), talks about the work of Lygia Clark:
 [...]Lygia is not the only one to understand health as the ability to create. Among psychoanalysts, for example, she has by her side names like Winnicott, which by the way she was particularly fond of. For the English psychoanalyst, a favorable human development has to do precisely with this ability to relate to the world in a creative way: this is what would give meaning to existence, anchoring the feeling that life is worth living. A kind of 'poetic health'. [...]

The insight that 'poetry' is fundamental not only for my health, but for the well-being of every human being in the world, hit me around 2007, when I began to deal more directly with educators and 'healers'. This intuition led me to build the idea of Poetic Instability, which is materialized in the Flymoon®. This intuition continues to guide me through paths, readings and discoveries. I feel like I'm in very good company with the thoughts of people like Lygia Clark, Winnicott, Suely Rolnik, Susi Martinelli and many scholars in research groups in Brazil and around the world, who understand and defend the poetry in our lives.

(Português)

Suely Rolnik, no divino texto: Uma terapêutica para tempos desprovidos de poesia, um dentre tantos que produz no Núcleo de estudos da subjetividade (PUC-SP), nos conta sobre o trabalho de Lygia Clark:

[...] Lygia não é a única a entender a saúde como a capacidade de criar. Entre os psicanalistas, por exemplo, ela tem ao seu lado figuras como Winnicott, que aliás ela apreciava particularmente. Para o psicanalista inglês, um desenvolvimento humano favorável tem a ver justamente com esta capacidade de relacionar-se com o mundo de maneira criativa: é isto o que daria sentido à existência, ancorando o sentimento de que a vida vale a pena ser vivida. Uma espécie de 'saúde poética'. [...]

Ilustração: Rafael Coutinho/Cosac Naify para: As fantásticas aventuras do Barão de Munchausen
A intuição de que a 'poesia' é fundamental não apenas para a minha saúde, mas para o bem-estar de todo ser humano no mundo, me ocorreu por volta de 2007, quando passei a lidar mais diretamente com educadores e 'curadores'. Esse intuição me levou à construção da ideia de Instabilidade Poética, que se materializa na Flymoon®. Essa intuição continua a me guiar por caminhos, leituras e descobertas. Me sinto muito bem acompanhada com os pensamentos de pessoas como Lygia Clark, Winnicott, Suely Rolnik, Susi Martinelli e tantos estudiosos em grupos de pesquisas pelo Brasil e pelo mundo afora, que entendem e defendem a poesia em nossas vidas.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Bays, cradles, balustrades, swings, beaches and tides / Baías, berços, balaustradas, balanços, praias e marés

Walking around my city, seeing the "bays" on every beach - at the fishermen beach, at the Paciência Beach, at the Buracão Beach, in Rio Vermelho neighborhood, at the Porto da Barra beach - all concave, rounded, cozy, welcoming, inviting as cradles; watching the boats and their swing on the gentle tide of this protected sea, it suddenly became so obvious and made so much sense that the Flymoon® was born here. "Of course!", I suddenly thought. It had to be a Bahian invention, it had to be with the Bahia sea swing, it had to be cozy, colorful and unstable as the city of Salvador.
It goes to the world, connects with the poetry of the moon and takes off the floor. However, it has roots.


Foto: Isbela Trigo. Porto da Barra, Salvador.

Foto: Isbela Trigo. Porto da Barra, Salvador.


Foto: Isbela Trigo. Porto da Barra, Salvador.
Foto: Isbela Trigo. Porto da Barra, Salvador.
Andando pela minha cidade, vendo as "baías" em cada praia - na praia dos pescadores, na praia da paciência, na praia do Buracão, no Rio Vermelho, na praia do Porto da Barra -, todas côncavas, arredondadas, acolhedoras, aconchegantes, convidativas como berços; vendo os barquinhos e seu balanço na maré suave deste mar protegido, de repente ficou tão óbvio e fez tanto sentido que a Flymoon® tenha nascido aqui. "É claro!", eu pensei de repente. Tinha que ser uma invenção baiana, tinha que ser com balanço de mar da Bahia, tinha que ser aconchegante, colorida e instável como a cidade de Salvador. 

Vai para o mundo, conecta com a poesia da lua e tira o chão. No entanto, tem raízes.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Formação Flymoon® e encontro com a dança de Campo Grande-MS 2015

Tenho sentido, com imensa alegria, mais e mais conexões entre as atuações poéticas, técnico-educativas e políticas. À medida em que a Flymoon® amadurece, aproximam-se pessoas que me ajudam a entender que este caminho é válido, coerente e compartilhável, não apenas uma "ego-trip" curiosa. Em momentos assim, reencontram-se 'eus' que foram compulsoriamente - e sem vantagem - apartados. O 'eu' da viagem poética e o 'eu' do rigor técnico; o 'eu' que sonha em andar na lua e o 'eu' que oferece o 'Andando na Lua' para quem nem tinha sonhado com isso. Me sinto cada vez mais capaz de oferecer poesia, saúde através do movimento, liberação de padrões nocivos... Me sinto mais e mais acompanhada nesse trilho incerto.
Aproveito horas de aeroporto para agradecer e confirmar também que "o melhor de mim sou eles" (Manoel de Barros), né, Sandra​, Franciella​, Laura​, Mônica Noely​, Lygia​, Solange​? 
Nesse fim de semana de trabalho e conexões, ainda tive a felicidade de ter as portas da dança de Campo Grande-MS abertas para mim, em sua mais linda intimidade. Assisti ao trabalho de pessoas sensíveis, com quem quero muito continuar trocando. Sou grata!


domingo, 29 de março de 2015

Especificidades da contração muscular excêntrica


Aprendi, na monografia de Lívia S. Diniz e Marcelle L. G. de Barros, que: 

[...]A contração muscular excêntrica é caracterizada por muitas propriedades incomuns às demais contrações musculares e por isso é potencialmente capaz de produzir adaptações únicas no músculo (LAST A YO et al., 2000). Estas adaptações envolvem os Sistemas Nervosos Central e Periférico e a estrutura muscular e parecem proteger o músculo de lesões (MCHUGH, 2003). Assim, embora a contração muscular excêntrica danifique o tecido muscular, sendo um dos fatores envolvidos na geração das lesões musculares por estiramento, um treinamento de força que envolva esta contração pode modificar a estrutura do músculo de forma que ele se torne menos susceptível a tais lesões (ASKLING et al., 2003).[...]

O trabalho na Flymoon®, pelas 'inversões' da relação com a gravidade que o arco balançante propicia, é repleto de desacelerações e freios. Riquíssimo trabalho excêntrico em cadeia cinética fechada. 

Vídeos Flymoon® Playlist

sábado, 28 de março de 2015

Healing power through movement / Poder de cura através do movimento


During a lecture on May 21, 2013, in the Auditorium of UFBA Lecture Pavilion III, Ondina Campus, Dr. Bessel van der Kolk, psychiatrist, professor of medicine at Boston University, told us about how the central nervous system reacts to trauma. He explained that from the trauma, the left lobe of the brain, responsible for curiosity, development of thought and language, is completely knocked out. The limbic system - the most primitive one, responsible for vegetative functions: hunger, thirst, sleep - is activated, attempting to recall the trauma, which affects systems that cannot be controlled by rational will. So the traumatized person becomes depressed, loses control over sleep, hunger and its vegetative functions and  experiences symptoms such as insomnia and eating disorders.
Recent studies suggest, according to Dr. Bessel van der Kolk, that bodily activities involving relationship - such as contact improvisation, capoeira and martial arts - favor the interpersonal rhythm through movement and provide respiratory changes, mobilizing back to the prefrontal part of the brain cortex, which provides broad understanding of the world, anticipates actions and makes relationships possible. Through these practices, the central nervous system is reestablished and the vegetative functions as well as the general regulation of hormones are rebalanced, fostering paths to healing.
Lily Ehrenfried, heiress and star of revolutionary changes on the ways of thinking body and movement, in the early twentieth century, offers us this beautiful statement:
[...] we have never seen a human being modify his/her bodily habits without deeply and definitely changing his/her psyche. [...] (EHRENFRIED, 1991, p.17)
This strict parallelism between psyche and palpable body, indicated by Lyli (Mabel Todd, Gerda Alexander, Ida Rolf and many others who I've been quoting here), makes visible and explicit the potential of movement as a solution for many of our problems in this early XXI century.
These intuitions, studies and statements from those who lived and studied movement, observing in themselves and others the effects caused by the moving throughout life, converge and validate the need for movement.
More people need to know. More people need to believe, practice and give it the proper value. It's on these tracks that I want to go on.
P.S.: I leave here my late homely tribute to the friends, lovers and professionals of the Circus, through the image of Physical Education students of UFBA (Ticiane Calmon), from the class of Amelia Conrado, full of determination, guts and courage to risk on this unstable and poetic way of the Professionals of Movement.





Em palestra no dia 21 de maio de 2013, no Auditório do Pavilhão de Aulas III da UFBa, Campus de Ondina, o Dr. Bessel Van Der Kolk, psiquiatra, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston, nos falou sobre como o sistema nervoso central reage ao trauma. Ele explicou que, a partir do trauma, o lobo esquerdo do cérebro, responsável pela curiosidade, desenvolvimento do pensamento e linguagem, fica completamente nockouteado. O sistema límbico - o mais primitivo, responsável pelas funções vegetativas: fome, sede, sono -  fica ativado, cuidando de rememorar o trauma, o que afeta sistemas que não podem ser controlados pela vontade racional. Então a pessoa traumatizada se deprime, perde o controle sobre o sono, a fome e suas funções vegetativas e apresenta sintomas como insônia e distúrbios alimentares. 

Estudos recentes sugerem, segundo Dr. Bessel Van Der Kolk, que atividades corporais que envolvem relação - como contato improvisação, capoeira e artes marciais - favorecem o ritmo interpessoal através do movimento e proporcionam mudanças respiratórias, mobilizam de volta a parte pré-frontal do córtex cerebral, que proporciona entendimento amplo do mundo, antecipa ações e propicia relação. Através dessas práticas, reconfigura-se o sistema nervoso central e reequilibram-se as funções vegetativas e a regulação geral de hormônios, propiciando caminhos para a cura. 

Lyli Ehrenfried, herdeira e protagonista de transformações revolucionárias na forma de pensar corpo e movimento, no início do século XX, nos brinda com essa linda afirmação:

[...] nunca vimos um ser humano modificar seus hábitos corporais sem modificar profunda e definitivamente seu psiquismo. [...] (EHRENFRIED, 1991, p.17)

Esse paralelismo rigoroso entre psiquismo e corpo palpável, apontado por Lyli (Mabel Todd, Gerda Alexander, Ida Rolf e tantas outras e outros que venho citando aqui), torna visível e explícito o potencial do movimento na solução de tantos dos nossos problemas, nesse início de século XXI. 

Essas intuições, estudos e afirmações de quem vivenciou e estudou movimento, observando em si e em outros os efeitos provocados pelo mover ao longo da vida, convergem e validam a necessidade do movimento. 

Mais gente precisa saber. Mais gente precisa acreditar, praticar e dar o devido valor. É nesses trilhos que quero seguir.

p.s.: deixo minha singela homenagem atrasada aos amigos, amantes e profissionais do circo, através da imagem de alunos de Educação Física da UFBA (Ticiane Calmon​), da turma de Amélia Conrado​, cheios de garra, gana e coragem de arriscar esse instável e poético caminho dos Profissionais de Movimento.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Educar é criar as possibilidades

Paulo Freire, sempre:

"É preciso, sobretudo, e aí já vai um destes saberes indispensáveis, que o formando, desde o princípio mesmo de sua experiência formadora, assumindo-se como sujeito também da produção de saber, se convença definitivamente de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção."

Não tem desculpa, não tem justificativa, Paulo Freire já disse em mais de 8 idiomas, milhares já repetiram, precisamos saber e praticar: educar é criar as possibilidades para as descobertas dos educandos; é favorecer a autonomia; é reconhecer que conhecimento se constrói em todos os lugares e com todo o corpo.


"Daí que seja tão fundamental conhecer o conhecimento existente quanto saber que estamos abertos e aptos à produção do conhecimento ainda não existente."

Encarceramentos intelectuais não me representam.
Pedestais glamourosos não me representam.
Adestramentos não me representam.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Interrelations web between art, technique, education, health and politics / Teia de interrelações entre arte, técnica, educação, saúde e política

José Antonio de Lima - creator of the Dynamic Postural Reeducation, with whom I had the privilege of having some elevating meetings, arranged by dear Eloisa Domenici - says in his (delicious!) Thesis that:
 [...] As a physician and educator, I like to support the idea that all therapeutic action is only complete when is also manifested as a pedagogical, educational action, assuming as a counterpart that all educational action is only complete if it presents, as a circumstantial result, a "therapeutic" facet [...].
Tatiana da Rosa, a dear friend, says already on the title of her (incredibly beautiful!) Thesis that every poetic process is, also, and therefore, pedagogical.
For Freire an educational activity is necessarily creative. And for Klauss Vianna technical constructions are inseparable from the creative processes.
Among these authors, it is formed a web of interrelations that is very favorable to the visualization of the Intersection Zones between art, technique, education, health and politics, on which Professionals of Movement act and on which I'm interested to understand.
Intersection Zones is a term used by Beatriz de Souza Adeodato, a longtime colleague and currently a professor at the Federal University of Bahia School of Dance. 
(Wow, with this post I realize how vast and rich is the production of knowledge about body, education and movement that has been built over the last decades in Brazil. What a privilege to be part of it!)

José Antonio de Lima, criador da Reeducação Postural Dinâmica, com quem tive o privilégio de ter alguns encontros engrandecedores, proporcionados graças à querida Eloisa Domenici, diz em sua (deliciosa!) tese que:

[...] Como médico e educador agrada-me sustentar a tese de que toda ação terapêutica só se completa ao se manifestar também como ação pedagógica, educativa, assumindo como contrapartida que toda ação educativa só estará completa se apresentar como resultado circunstancial uma faceta "terapêutica" [...].



Tatiana da Rosa, amiga querida, afirma, já no título de sua (incrivelmente bela!) dissertação, que todo processo poético é, também, e por isso mesmo, pedagógico. 

Para Freire, uma atividade pedagógica é necessariamente criativa. E para Klauss Vianna as construções técnicas estão indissociáveis dos processos criativos. 



Entre esses autores, trama-se uma teia de interrelações muito favorável à visibilização das Zonas de Interseção entre arte, técnica, educação, saúde e política, sobre as quais atuam Profissionais de Movimento e sobre as quais me interessa entender. 

Zonas de Interseção é um termo utilizado por Beatriz de Souza Adeodato, colega de longa data e atualmente professora da Escola de Dança da UFBA. 


Nossa, com essa postagem me dou conta da imensa e riquíssima produção de conhecimento sobre corpo, educação e movimento que vem sendo construída nas últimas décadas no Brasil. Que privilégio fazer parte disso!